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Papel do dentista na detecção de violência doméstica

oje passei por uma situação bem delicada aqui na clínica. Daquelas em que você se questiona sobre muitas coisas, inclusive sobre qual seria o real papel do dentista na detecção de violência doméstica.

Uma paciente chegou para uma consulta de emergência, faltando um incisivo superior. A ausência daquele dente na prótese removível dela só chamava menos atenção do que seu rosto. Marcado pela agressão das mãos de quem devia lhe afagar, lhe acariciar.

O que para muitas é motivo de vergonha, para ela não era mais. Durante muitos anos acobertou a violência sofrida, mas agora não seria mais assim. Pela primeira vez ela iria à delegacia denunciar o companheiro agressor. Queria antes de resolver seu problema estético, um laudo sobre o serviço que precisaria ser executado. Agregar provas para que o covarde não repita nela, nem em mais nenhuma mulher, a covardia que é a sua assinatura.

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Mas a violência contra a mulher não é o único problema social detectável por nós, dentistas. Há também a mazela da violência contra idosos, crianças e adolescentes, infelizmente bem comum num país de terceira como o nosso.

O CFO divulgou duas cartilhas, que você pode (e deve) baixar. Uma em parceria com a Universidade Positivo, e outra com a FOUSP orientando os dentistas sobre como identificar possíveis casos de maus tratos no consultório.

Resumindo …

O que o cirurgião-dentista deve fazer em caso de suspeita de maus-tratos:

Antes de mais nada, realizar uma boa anamnese.

  • verificar se a história da lesão é coerente com o ferimento;
  • descrever as lesões de acordo com: a região, o tamanho e o aspecto;
  • realizar exame detalhado extra e intraoral;
  • boca: lacerações de freios labial e lingual, palato mole e duro, gengiva e língua; queimaduras;
  • lábios: machucados no canto da boca, com hematomas, equimoses e cicatrizes;
  • dentes: fraturados, avulsionados (dente deslocado de sua cavidade) e com alteração de cor;
  • dentes com muitas necessidades curativas, que provocam dor ou estão em processo infeccioso; e
  • abuso sexual: alteração de comportamento, lesões de DST, petéquias (pontos vermelhos causados por hemorragia de vasos) e eritema em palato mole e duro (sexo oral forçado).
ONDE DENUNCIAR:

Em suspeita de maus-tratos, o cirurgião-dentista tem a obrigação legal de notificar o caso ao Conselho Tutelar, sem necessidade de apresentar provas, com sigilo garantido, sendo sugerido não interferir pessoalmente na situação.

A faixa etária mais atingida pela violência doméstica é a de 0 a 4 anos de idade, fase em que a criança não fala.

Caso a vítima seja um idoso ou uma mulher, a denúncia também pode ser feita pelo Disque Denúncia Nacional por meio do número 100; na Autoridade Policial e/ou no Ministério Público.

Obviamente violência doméstica não é um assunto agradável, mas é extremamente necessário. Não se omita. Imagine que poderia estar acontecendo na sua família. Você PRECISA fazer a sua parte.

Fonte: Vida de Dentista

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